O olhar brasileiro de quem vive, pela primeira vez, a experiência de morar na Argentina...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Andinistas...






Bem pertinho de Ponte del Inca fica o pequeno cemitério dos Andinistas, um cemitério para os escaladores que morreram no Aconcagua.
É uma espécie de aviso sobre os perigos de escalar as estonteantes montanhas. É um local simples mas que carrega muita emoção nos detalhes como fotos, lembranças e objetos deixados por alpinistas que morreram naquela imensidão tão linda e gelada. No pequeno espaço encontramos registro de alpinistas que tentaram alcançar o teto das américas em 1928 e nunca voltaram.
Impossível não lembrar de tantos brasileiros que se aventuraram na montanha e que nunca voltaram como Mozart, Othon ,Alexandre, Eduardo...

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Chegando ao Chile...







O final do caminho das montanhas nos levou a Las Cuevas e Cristo Redentor ,o famoso monumento que fica a quase 4 mil metros de altitude sobre o nível do mar ,na fronteira entre a Argentina e o Chile.A idéia era fazer o passeio até o Cristo mas a neve dos últimos dias ( isso mesmo nevou em novembro) fechou o percurso. Nos restou almoçar no único e simpático restaurante "Arco de las Cuevas" onde, na verdade, param para comer todos os turistas e caminhoneiros que cruzam a fronteira. Comemos a melhor salada, purê de batata e carne ao vinho do mundo. O que não faz o frio e a fome!!!

Melhores atrações (2)...





















Pertinho de Ponte del Inca está o Parque Provincial do Aconcagua onde fica o pico do Aconcagua também chamado de teto das Américas com seus 6.962 metros de altura.
O parque tem 71 mil hectares de áreas selvagens. Mesmo com o dia claro as nuvens insistiam em esconder o cume.
Devo confessar que é uma paisagem que tem um forte atração e magnetismo o que de certa forma explica a vontade e disposição de tantos alpinistas que tentam ( e nem sempre conseguem) chegar ao topo. São várias as maneiras de chegar mais perto do mirante para apreciar o Aconcagua mais de frente (nem tão perto).
Da estrada é preciso caminhar e ter fôlego porque na altitude (2.850 m) o ar falta e o vento é forte e gelado. Bem protegidos nos aventuramos nesse e em outro percurso que existe a partir da Lagoa dos Horcones onde fica uma base do Parque com guardas e caminho sinalizado.
Valeu a pena a falta do ar , o esforço e a poeira porque o cenário é perfeito.





Melhores atrações (1)

























O ideal é sair bem cedinho de Uspallata(foi o que fizemos) para explorar a região das montanhas mais altas. Isso significa encontrar pelo caminho paisagens de perder a respiração. A estrada está em muito bom estado e com excelente sinalização. O trânsito de caminhões pesados é intenso por conta da proximidade com a fronteira chilena (250 km). Mas isso não atrapalha embora seja bom ter um pouco mais de atenção.
A primeira parada é Ponte del Inca . O dia estava lindo com céu azul e sol mas o vento era cortante e jogava a temperatura lá pra baixo..
Ponte del Inca é considerada uma das maravilhas naturais mais deslumbrantes da Argentina. Tem uma cor alaranjada por causa dos sedimentos das águas sulfurosas do rio. Debaixo da ponte estão as ruínas de um antigo balneário termal que foi fechado depois de uma inundação e que hoje também estão fechadas por risco de desabamento.
Ponte del Inca está a 2.720 metros de altitude e o ar já começa a faltar.
É uma visita imperdível !!!!

Perto dos Andes...















Para explorar os caminhos das montanhas altas o ideal é se hospedar na cidadezinha de Uspallata que fica entre a precordilheira andina e alguns dos picos mais altos dos Andes. Diz a propaganda que lá estão as melhores opções de hotel e restaurantes da região.
Bem, a oferta não é tão variada assim e depois de procurar por uma cabana e visitar os tres maiores hotéis da cidade optamos pelo maior deles e o que respira história embora hoje esteja um pouco decadente..
Ficamos no Grande Hotel Uspallata que foi construído em 1950 no auge do peronismo e fica numa área verde imensa com vista para as montanhas. O hotel tem os mais largos e compridos corredores que já vi na vida.
Mas o único aborrecimento que passei foi ser acordada no meio da madrugada por um grupo de estudantes que estava hospedado no mesmo andar que o nosso. Os adolescentes não dormiam e resolveram conversar e pular de varanda em varanda às duas da manhã. Tive que sair no corredor e gritar em espanhol: "Silencio, por favor, por que yo necesito dormir". O piti ecoou nos largos corredores e em cinco minutos não tinha mais barulho.
No dia seguinte, soube pelos funcionários do hotel que os professores acordaram e que nos deixaram as devidas desculpas. Mas o melhor foi mudar de andar e quarto e só encontrar os adolescentes no café da manhã.
A propaganda também vende a cidade como local de filme. É que a região se parece tanto com as terras altas da Asia Central que o diretor Jean- Jacques Annaud utilizou as paisagens para fazer o filme SETE ANOS NO TIBET , que tinha Brad Pitt no papel principal.

Caminho das montanhas...







As chamadas Montanhas Altas ficam a pouco mais de 150 quilômetros de Mendoza mas no caminho as paisagens são incríveis.. A primeira atração é um povoado chamado Potrerillos onde estão as melhores áreas para prática dos esportes radicais ( rafiting,trekking, cavalgada, rappel, tirolesa entre outras)..O lugar tem um lago lindo onde desemboca o rio Mendoza que tem os melhores e mais radicais pontos para o rafiting..

Bodegas...




























Antes de cair na estrada o circuito do vinho que é imperdível em Mendoza.. Optamos pela zona de Luján de Cuyo que ficava no caminho para as montanhas, o nosso principal objetivo. Para explicar um pouco melhor o circuito vinícola: você encontra ao chegar na cidade extensos guias e pode escolher seis circuitos onde estão mais de 300 bodegas. Difícil é escolher. No nosso caminho ficavam algumas das mais famosas como a Terrazas, Chandon, Septima, Norton, Ruca Malen , Nieto e Catena Zapata onde entramos para visitar.
Catena tem um prédio incrível inspirado numa pirâmide Maia porque o dono da bodega é um aficcionado da cultura maia.
A visão do alto do prédio é fantástica !!!






Dias de descanso..






Para recarregar as baterias tres dias em Mendoza ... Viagem de avião e depois carro rumo às montanhas altas ( Aconcagua, Cerro Cristo Redentor, Villavicencio ). O que não sabíamos era que era também feriado de finados no Chile e pela proximidade ( Santiago está a só tres horas de carro) Mendoza foi invadida pelos chilenos.
Não tínhamos reserva na região da montanha e eu fiquei com medo de não encontrar lugar para ficar mas o gerente da locadora de carros me acalmou e me contou que os chilenos vão para Mendoza para fazer duas coisas: comprar ( remédios e roupas ) que são bem mais baratos aqui na Argentina e também para fazer cirurgia plástica e outras aplicações estéticas que custam uma bagatela para elas e eles.
Era incrível a invasão chilena na cidade. Nas ruas os possantes, novos e importados carrões dos chilenos ( na maioria jipes ), sinal de uma economia que vai de vento em popa.

O bastão ...




Outra da série eleitoral... Aqui na Argentina o novo presidente recebe do antecessor no dia da posse além da faixa o bastão de mando. Ele é feito sob medida pelo ourives Juan Carlos Pallarols que é a sexta geração de uma família de ourives.
Visitamos Pallarols na atelier dele em Santelmo para que ele nos mostrasse o bastão que a novo presidente vai empunhar no dia 10 de dezembro. Ainda não sabíamos que o presidente seria uma mulher mas Pallarols já contava com essa possibilidade e nos contou que o bastão tem 90 centímetros, cinco a menos do que o que recebeu o Presidente Kirchner.
Outras curiosidades: a madeira chamas-se urunday rubio( madeira do norte argentino que não se quebra, não se rompe e é resistente ao frio e ao calor) e a empunhadura de prata foi golpeada por milhares de argentinos e outras personalidades mundiais.
A visita ao atelier é uma viagem ...Além do bastão que ele sempre doa ao novo presidente no encontramos lá produção um ritmo de trabalho intenso com produção de peças delicadas em prata e atualmente está num trabalho especial que é a reforma de peças do Teatro Colón.

Carlitos....




Nas andanças eleitorais estivemos em San Isidro( fica na província de Buenos Aires) para entrevistar o cineasta Fernando Solanas ( Pino como é mais conhecido ) que era candidato a presidente.
Dia chuvoso que nos deixou famintos e por sugestão do Emiliano (nosso cinegrafista) fomos conhecer o " El Amanecer de Carlitos".
Se trata de um clássico de Buenos Aires onde se come crepes gigantes ou hamburgueres em um ambiente simples. São 700 variedades salgadas e doces que tem nomes em homenagem a clientes anônimos(funcionários do banco que fica na esquina), argentinos famosos e históricos ( Maradona, Gardel, Madres da Praça de Maio,Fangio, Esquivel), gente do teatro ,televisão e cinema ( Ricardo Darín), personalidades mundiais como Salvador Allende, Pablo Neruda, Charles Chaplin, Mandela. O Brasil também foi lembrado. Um sanduíche natural verde e amarelo ( não lembro os ingredientes) recebeu o nome de Presidente Lula.
Você pode levar horas escolhendo o seu favorito num cardápio que tem 21 páginas de delícias,calorias e misturas inusitadas que podem ser uma verdadeira bomba. Uma delas é o crepe criado em homenagem aos PUMAS( seleção de Rugby). Ele é feito de abacate, pasta de amendoim e repolho. Que tal ?
Para quem quiser se aventurar no Carlitos aí vai o endereço: Avenida Del Libertador, 148 - partido de San Isidro -Vicente Lopez.

Por onde andei...






Estou de volta depois de um mês de muito trabalho por conta das eleições argentinas....
Acompanhamos os passos dos principais candidatos, ouvimos cientistas politicos, historiadores, pesquisadores e no dia da eleição o movimento nas ruas da capital.
Estivemos em La Matanza para o último comício e depois no "bunker" da presidente eleita no dia da vitória.
Foram dias de muita correria !